quarta-feira, 5 de outubro de 2011

RESUMO DA VIAGEM À FRANÇA

Quando, no último dia da viagem, fazíamos o passeio de balão pelo Vale do Loir, lá do alto víamos todas as matizes de cores dos jardins dos castelos, das matas, das plantações, do céu azul e dos demais balões que faziam o mesmo percurso. Ali nos demos conta que estávamos  tendo, naquela hora de voo, uma síntese das sensações que havíamos tido até ali  na viagem pela França.

A França que conhecemos é cheia de contrastes, como as cores que divisamos do balão silencioso no céu. Na verdade, estamos convencidos de que a França não passa de um mosaico da Europa que agora conhecemos tão bem e profundamente. Na Alsácia e Lorena, nos deliciando com as belezas de Estrasburgo, Metz, Nancy, Obernai, Colmar, Eguisheim e tantas outras, não sabíamos se estávamos na Alemanha ou na França, tamanha era a identidade desta região da França com aquele país. Os casarios  no estilo enchaimel,  bem cuidados e floridos, o povo, as vitrinas,  os vinhos, tudo nos remetia àquele país.

Nos Alpes Franceses, como em Chamonix, Annecy, Briançon, Aix-les-Bains, Mont Blanc, a subida radical no Aiguille du Midi, seus lagos com pitorescas cidades nas suas margens e encostas, tudo nos remetia à Suiça ou mesmo, à Áustria.

E a Provence, com seu calor, muito sol e céu azul, em Arles, depois de visitarmos a histórica Avignon, uma corrida de touros para uma arena romana, enormes paellas, tradicional e valenciana, nos restaurantes e nas ruas, nas praças música alta e o povo, muitos vestidos para a corrida de touros, a beber e a cantar, cantadores de rua com suas cantigas flamencas, tudo, mas tudo mesmo nos remetia à Andalucia, na Espanha. Quem conhecesse a Andalucia, como nós e fosse colocado ali, de olhos vendados e lhe fosse perguntado, quando se lhe fosse tirada a venda, onde estaria, não hesitaria em dizer que estava na Espanha, em Sevilha, Córdova, Granada, Cadis, Valência ou outro lugar qualquer, mas da Espanha. Todavia, estávamos em plena França, alegre e toda na rua, como em Aix-en-Provence. 

Ainda na Provence, visitando Marselha, sua capital, juraríamos que estávamos num país do norte da África ou até mesmo no Brasil, norte/nordeste.

E a Côte D'Azur, desde Mônaco, passando por Nice, Canes e Saint Tropez e outras tantas do litoral do mediterrâneo, gente rica de todas as tribos européias. O mix total da Europa, desde Italianos até Ingleses.

Nos Pirineus, Foix, Mirepoix, Ax-les-Thermes, Pau, Saint-Jean-Pied-dePort, dentre outros, ora nos remetendo para a Áustria, com seus chalés brancos, com janelas coloridas, no meio de um pasto verde e montanhas ao fundo e ora nos remetiam para o País Basco, com tudo escrito nas duas línguas, restaurantes típicos, muitos espanhóis e muitos peregrinos no caminho de Santiago, que passa por ali. E ainda tem Biarritz, com seu Hotel du Palais, sintetizando a sofisticação, agora no litoral do Atlântico, onde vimos o sol se por.

Subindo um pouco, passando por Bordeaux, La Rochelle e depois a bela e humanizada Nantes, já no encantador Vale do Loir, chegamos à Bretanha onde Rennes, Fougères, Sain-Malo, Dinan e outras mais, com casario escuro, geminado e com seus chaminés, nos remeteram à Inglaterra. A região nos pareceu, também, uma das mais pobres da França, parecendo ser ali o nosso norte/nordeste.

E aí veio a Normandia. Beleza e emoção na medida certa. Começamos pela emoção e beleza rara do Mont Saint Michel. Depois a cidade portuária de Cherbourg, porta de entrada de ingleses e muitos brasileiros do projeto submarino brasileiro. Ali, também, a emoção da inédita visita a um enorme submarino nuclear e a profundidade das suas entranhas.

Depois, o Dia D. Sainte Mère Èglise, onde os primeiros paraquedistas dos aliados pousaram, com tudo registrado em fotos, filmes, aviões, tanques,  roupas e pertences dos soldados, um paraquedas ainda pendurado na torre da igreja, com um boneco representando o soldado que teve a desventura de lá pousar e se tornar alvo fácil. Bayeux onde, acima das lembranças da guerra está a sua tapeçaria, de 70 metros de comprimento, bordada com a história da invasão da Inglaterra por Guilherme, o conquistador.

E tem as praias do desembarque, da libertação, do sangue e da morte  aos montes, vinda dos montes e escarpas, das casamatas nazistas. Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword. E os cemitérios  memoriais dos alemães e dos Americanos, este, num lugar tão lindo e esteticamente tão perfeito que parece o paraíso. Destacamos a praia de Omaha, onde mais de 20 mil soldados foram mortos na areia. Ela é belíssima e com areia fina. Pois apesar disso remanesce lá deserta, sem hotéis, sem casas de veraneio, sem restaurantes, sem banhistas. Só um memorial. O respeito por ela é tão grande que os franceses preferem veranear em praias de pedra, na Côte D'Azur ou mesmo ali perto, mais ao norte, do que profanar aquele lugar tão significativo para sua libertação do jugo nazista. E tem também, Caen, 2/3 destruída, palco da primeira grande batalha depois da invasão.

A Normandia, todavia, não é só tristeza, veneração lembranças e turistas americanos. Tem, também, belezas ímpares como Honfleur e as gigantescas e estonteantes falésias, em Etretat. Mais um contraste dentre tantos por nós vividos  nesta viagem de 31 dias.

No centro da França, com Dijon, Lyon, Bourges e na Gasconha com Toulouse e Montauban, a essência da França, equidistante do mar e dos países vizinhos.

E teve também, Rouen, sua catedral tantas vezes pintada por Monet e seu casario maravilhoso, Geverny e a casa e os jardins de Monet e a coroação com uma revisita  às cidades e aos castelos do Loir, com novas descobertas como Chartres, sua catedral com seus vitrais e labirinto da redenção dos pecados, Montrésor e Loches e finalizando, um voo de balão por sobre castelos, florestas, fazendas, plantações e o Rio Loir.

Estas são algumas pinceladas dos contrastes que descobrimos nesta parte da França que ainda não conhecíamos. Outras regiões e cidades foram visitadas. Quem acompanhou, e não foram poucos os acessos, sabe exatamente o quão interessante e complexa foi esta viagem.

E quanto ao povo da França. Também aqui contrastes. Não raras as vezes que consultávamos o mapa e logo se acercava alguém oferecendo ajuda. Sempre que precisamos e pedimos, fomos muito bem recebidos. No trânsito, todavia, mostraram-se muito mal educados. Não espere deles qualquer gentileza. Se você está num aperto ou pretende acessar uma rua, uma rodovia, não espere deles qualquer ajuda. E adoram businar. Nas faixas de pedestres, praticamente em todo o País, eles não param. É um perigo, principalmente para nós que nos acostumamos com o respeito absoluto das faixas nos países de primeiro mundo. Há tanto desrespeito que, quando parávamos para o pedestre passar, eles se surpreendiam e nos agradeciam, como se tivéssemos feito um favor.


Para piorar, todos fumam, desde os adolescentes até os velhos, todos fumam e jogam os restos no chão, pela janela do carro, dos prédios, etc. E as mães com bebês fumam e não têm os cuidados de desviar a baforada dos rostos dos filhos. Daí o motivo pelo qual todos os jovens fumam. Já se viciam desde o útero. E as mulheres, especialmente, que são muito, mas muito feias e mal vestidas, ficam mais horrorosas ainda com um cigarro na boca.


Nos surpreendemos, também, com o turismo doméstico. Na sexta-feira à tarde, as estradas lotavam. Todos se deslocando para passar o final de semana em algum lugar. Tanto assim era que, nos finais de semana os hotéis ficavam lotados, seja qual fosse a região onde estivéssemos. Quanto aos hotéis uma dica. Na terça-feira à noite, especialmente nas grandes e médias cidades, se você não tiver reserva, não dorme. É um dia que eles fazem um evento, uma reunião, que não conseguimos descobrir o motivo e que faz com que todos se desloquem para essas cidades, lotando todos os hotéis.

Os vinhos, queijos e comidas, são um capítulo à parte. Nisso eles são os melhores. Não há restaurante, por menor que ele seja, que não conte com um chef tentando impressionar e fazer o seu melhor. Provamos vinhos, queijos, trufas, champignons, doces, e todo tipo de comida de todas as regiões. Um festival de misturas de sabores, ingredientes e apresentação artística dos pratos.  Um capítulo memorável da viagem.

Encontramos poucos brasileiros viajando pelo país, salvo em alguns  lugares mais famosos, mas fizemos contatos com muitos casais ingleses que nos deram importantes dicas para a nossa próxima viagem, no ano vindouro, para a Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlandas.

Gostaríamos de agradecer a todos os seguidores, identificados ou não. A última que se registrou oficialmente foi a Carol, a quem damos boas vindas.
Muitos tiveram problemas para postar comentários, mas os que conseguiram, tornaram nossa viagem mais colorida e gostosa. Homenageamos todos que acessaram o blog durante a viagem, especialmente aqueles que comentaram, em nome do nosso Amigo Zucco que, com seus comentários sempre muito criativos e espirituosos, nos proporcionaram boas gargalhadas.

Qualquer viagem que fizermos, ou lugar especial que conhecermos, postaremos aqui. Neste ano, de certo, por ora, será o Natal e Ano Novo no Solar Mirador, na Praia do Rosa.

Quem gosta do que nós gostamos ou quem pretender alguma sugestão para as suas viagens, é só acessar. Obrigado mais uma vez, pela sua agradável companhia. Até a próxima. Beijos. Narcísio e Dirlei.



quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Como pássaros sobre Loir e Resumo

Seguidores e Seguidoras,


Neste último dia, mais uma amiga embarcou no nosso bólido. É a Vivian, também amiga de nossa filha Juliana, que se habilitou como seguidora oficial. Seja bem vinda Vivian. Boa viagem.

Hoje era dia do relato da incrível viagem de balão que fizemos no Vale do Loir e um resumo da viagem. A postagem foi toda redigida, mas foi perdida por um problema técnico. Limitar-nos-emos a relatar o dia maravilhoso que foi, com a aventura de voar como pássaros. Somente ao sabor dos ventos.

A aventura começou bem cedo. 7,30 já estávamos no local do embarque. O sol sequer havia aparecido. Só apareceu para testemunhar o inflar do balão e, depois, nos acompanhar por toda a viagem, em companhia de um casal de ingleses e outro de australianos. O silêncio lá no alto, a paisagem aos nossos pés, uma sensação indescritível. Só quem experimenta pode saber o que sentimos. Por nossos pés passaram o Castelo de Chenonceau, bem de perto, o Rio Loir, quase tocamos, fazendas, matas, animais selvagens, plantações, cidades e, outro balão que nos ajudava a voltar para a realidade. O pouso foi tranquilo. A experiência, indescritível e altamente recomendável.

Ontem não publicamos porque o sinal de internet do hotel em Chenonceau era horrível. Não tinha muito, porém, para publicar. Aproveitamos o dia para conhecer Bourges, uma cidade galo-romana que ainda mantém suas muralhas originais. É mais conhecida, entretanto, como a cidade de Jacques Coeur, ministro das relações exteriores de Carlos VII. Maior comerciante da Idade Média, era também hábil negociante de armas, tradição mantida por quatro séculos, quando, em 1862, Napoleão mandou construir canhões ali.

O Palais Jacques Coeur, apesar de sua história rica, não merece a visita por estar praticamente todo despido.

No final da tarde, depois de vermos o lugar onde voaríamos no dia seguinte, voltamos a Amboise, que havíamos visitado em 2001. A cidade mudou mas, mudamos nós muito mais, já que a olhamos sob a perspectiva das dezenas de viagens que fizemos posteriormente. Essas reminiscências vieram num chopp de final de tarde aos pés do Castelo de Amboise e depois, também ali, o jantar. 

O resumo da viagem, haverá de ser refeito em breve. Abaixo as fotos dos últimos dois dias. Beijos. Narcísio e Dirlei.


Sombra do balão onde estávamos, nos campos do Vale do Loir

A mata e o horizonte aos nossos pés

Sobrevoando o Castelo de Chenonceau, em companhia de outro balão


Passeando de balão sobre o rio Loir

Balão sendo inflado para o voo

O blogueiro em frente do balão quase inflado na manhã fria do Loir

balão, pouco ante de embarcarmos

Castelo de Reignac, onde ficamos hospedados de 27 para 28

Casario de Bourges

Castelo de Jacques Coeur, Bourges

A blogueira, em Amboise

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Chantilly, Chartres, Augerville, Tours, Montrésor e Loches

Seguidores e Seguidoras,

Ontem, um problema técnico inarredável, evitou que fizéssemos  postagem. Era aniversário do blogueiro. Nos hospedamos no Castelo de Augerville, no interior do Vale do Loir e que fica no meio de um campo de golfe. Na sacada do castelo, de entrada, um copo de champagne rosé. Durante do jantar (entrada de caviar, vitela com champignons e polenta e claras flotantes com sobremesa) um tinto chateauneuf du pape e, para coroar, um fino congnac. Resultado. Uma incompatibilidade plena entre os blogueiros e o computador. A mistura alcoólica gerou um curto no ordinateur que fez com que só hoje essa compatibilidade retornasse porque a quantidade de vinho e champagne no jantar foi reduzida.

Explicado o problema técnico, vamos ao que interessa. Ontem começamos o dia em Chantilly, na região da Picardia, ao norte de Paris. De interessante o seu belo Castelo, desvalorizado apenas porque foi lá o casamento relâmpago do Ronaldo com a Ciccarelli. A cidade é a capital das corridas de cavalo na França. É uma combinação de castelo, cavalos, parques e floresta que a rodeiam. Sua origens remotam  à época galo-romana. O castelo atual começou a tomar forma em 1528, quando Anne de Montmorency, condestável da França, reformou a velha fortaleza e acrescentou o Petit Chateau. Na época do grande Príncipe de Condé(1621-86), os trabalhos de reforma continuaram  e Le Nôtre criou o parque e as fontes que deixaram Luís XIV com inveja.  Destruído durante a revolução foi reconstruído e suas festas e reuniões de caça eram frequentadas pela alta sociedade e 1820 a 1830. Deu lugar  a um castelo de estilo renascentista no fim do século 19. O castelo é rico em obras de arte de pintores importantes e seu jardins são amplos, com muita água, cisnes e florestas.

Grande destaque são as magníficas estrebarias, um palácio equestre projetado por Jean Aubert, em 1719, capaz de acomodar 240 cavalos e 500 cachorros. O Musée Vivent du Cheval, que visitamos também, tem várias raças de cavalos e pôneis e magníficas exibições de equitação duas vezes por dia. Um local muito bonito e de agradável visita.

De lá retornamos para a região do Loir para visitação de lugares que ainda não havíamos visitado nas duas estadas lá. Chartres é famosa por ter a maior catedral gótica da Europa. Os seus vitrais são um espetáculo à parte. São 176 que mostram histórias bíblicas e o cotidiano do século 13. No piso da catedral há uma enorme labirinto onde os peregrinos costumavam seguir sua rota de joelhos, como penitência, num percurso de 262 metros.

A Catedral foi iniciada em 1020 e destruída por um incêncio em 1194. Camponeses e nobres se uniram, numa história rica, trágica e tão interessante que tem até um programa de televisão contando o evento, para reconstruí-la, nos moldes que hoje encontramos. Chartres faz parte de um dos primeiros projetos de conservação urbana da França. Há casas de madeirame acanalado ao longo de ruas com escadarias íngremes conhecidas como tertres e que levam ao rio Eure, de onde se vê moinhos, curtumes medievais, pontes de pedra arqueadas, casa de lavar e a catedral. Vale a visita mais pela sua histórica e bela catedral.

Hoje iniciamos o dia no Castelo de Augerville, bem no interior do Vale do Loir, no campo, mas muito bem frequentado porque fica no meio de um enorme campo de golfe. Por isso, está sempre cheio de golfistas do mundo todo. Muito bem conservado e luxuoso, foi o lugar perfeito para o blogueiro iniciar um novo ano.

De lá fomos conhecer Tours, a cidade mais importante do Loir na medida que já foi capital de França antes de Paris. Foi muito destruída, tanto pelos prussianos em 1870 e durante a segunda guerra. Por isso, apenas na Place Plumerau, no bairro medieval, restam alguns prédios de madeirame à vista. Destaca-se, também, a sua maravilhosa Ponte Wilson. Não vale, todavia, a visita, porque é uma cidade sem qualquer atrativo que a destaque em relação à outras belas cidades da região.

De lá, viajamos um pouco mais para o leste para conhecer aquela que dizem ser a cidadezinha mais bela da França. Montréssor. Pelo menos, o guia e uma placa na entrada da cidade assim a intitulam. E ela quase merece o título. Uma jóia de cidade. Está situada junto ao rio Indrois, no vale do Touraine. A cidade tornou-se um assentamento polonês por volta de 1840. Em 1849, um nobre polonês, o conde Branicki comprou o Chateau do século 15, erguido no local de uma fortificação do século 11. Desde então, pertence à mesma família. Seu interior, intacto desde lá, é impressionante pela riqueza do ambiente da época. Vale, sem dúvida uma visita, tanto à pitoresca cidadezinha, como ao seu Castelo, pela originalidade de seu interior.

Poucos kilômetros dali está Loches, quase tão bela quanto Montrésor. Intacta, esta cidade medieval está um pouco afastada  do circuito dos castelos, no vale do Indre. É tranquila, com portões de gótico tardio e fachadas esculpidas. Sua masmorra domina a paisagem e tinha os piores calabouços do Loire, segundo a lenda. Foi ali que Joana D'Arc rogou ao Rei Carlos VII que fosse a Reims para ser coroado. A capela de Ana da Bretanha é decorada com arminhos e guarda uma esfígie de Agnès Sorel. Visita mais do que válida.

Hoje novamente estamos hospedados num hotel Chateau do interior da região, o Chateau de Reignac, muito confortável e num lugar silencioso e agradável. Amanhã, se tudo der certo, estamos pensando em fazer uma aventura bem radical. Se ela se concretizar, vocês verão tudo aqui. Aguardem. Beijos. Narcísio e Dirlei.  

Castelo de Chatilly

Chateau du Vivent Cheval, em Chantilly

Um dos 176 vitrais da catedral de Chartres

Visão parcial do labirinto no piso da catedral de Chartres

Catedral de Chartres

Paisagem da cidade baixa de Chartres

Casario de madeirame canelado, Chartres

Castelo de Augerville, onde ficamos hospedados ontem

Jardins e campo de golfe no Castelo de Augerville

Campo de golfe no Augerville

Ponte Wilson, Tours

Casario na Praça do centro medieval, Tours

Catedral de Tours

Museu em casa antiga, em Montrésor

Montrésor

Castelo de Montrésor

Montrésor

Uma das torres de entrada da cidade de Loches

Castelo de Loches

Visão da cidade e do Castelo, Loches

domingo, 25 de setembro de 2011

Caen, Praia de Juno, Honfleur, Falésias, Rouen e Jardim de Monet

Seguidores e Seguidoras,


Ontem, no final do dia, estávamos na cidade de Étretat onde ficamos hospedados num hotel na montanha e que, apesar de luxuoso, não tinha disponibilidade de internet sem fio na suíte. Por isso não pudemos postar. O dia, todavia, foi de grandes emoções, o que se repetiu hoje. Assim, hoje faremos o relato dos dois dias.

Ontem começamos pela cidade de Caen que teve dois terços de seu prédios destruídos numa das mais sangrentas batalhas entre aliados e nazistas nesta região, mormente porque Caen foi a primeira grande cidade no caminho dos libertadores. Apesar disso ela ainda preserva algumas ruas, especialmente a Rue du Vaugueux, com seu casario de madeirame à vista da Idade Média. Nela também estão concentrados os melhores restaurantes da cidade.

Em Caen também se destaca, bem no centro da cidade, as enormes muradas do Castelo Ducal, construído porque em meados do século 11, a cidade se tornou a residência favorita de Guilherme, o conquistador, e sua mulher, a rainha Matilde. Destacam-se, também, no horizonte da cidade, diversas torres de igrejas, dentre elas as da a Igreja de Saint Pierre, construída nos séculos 13 e 14 e ornamentada de maneira impressionante. A torre do sino, copiada com frequência, diante de sua originalidade, é do século 14 e está restaurada.

A cidade de Caen, apesar de seus pontos altos aqui destacados, não se torna muito atrativa para visita pelo fato de ter sido muito destruída pela guerra mas não ter reconstruído seu centro histórico como era antes. Está muito desfigurado, salvo a rua antes mencionada e uma ou outra casa perdida entre construções modernas e até de pouco bom gosto.

De Caen nos dirigimos para mais uma praia de desembarque dos aliados, agora para ver uma série de casamatas de onde os nazistas, com canhões e metralhadora ceifaram milhares de vidas dos aliados antes que estes pudessem destruí-las. Vê-las dá uma melhor noção do quão sangrento foi aquele desembarque.

Dali fomos até a pequena cidade praiana de Arromanches Les Bains, onde houve o desembarque dos soldados Canadenses. Impressiona ver, ainda na praia, as chatas que desembarcaram os soldados na  areia e uma impressionante fortificação que os alemães fizeram em meia lua, dentro do mar para  evitar a invasão dos aliados por ela. Uma obra de engenharia inacreditável para a época. Esses retratos que vimos do dia D, porque ainda presente um clima no ar daquele dia, nos emocionaram e nos deram uma pequena mostra do horror ali concretizado.

De lá fomos visitar Honfleur, uma cidade antes portuária e que fica na foz do Rio Sena. Importante  porto defensivo do século 15, hoje assoreado e transferido para Le Havre, transformou-se em uma das mais atraentes enseadas da Normandia. No centro da cidade está o Vieux Bassin, antiga doca,  do século 17, com um casario de madeirame à vista ou apenas de pedra preta, de seis ou sete andares. Lindíssimo. Aliás, a cidade toda está preservada. É impressionante o número de ruas pelas quais você anda e, até perder de vista, o casario da idade média está preservado.

Honfleur se tornou, no século 19, um núcleo de artes. Eugène Boudin, o pintor de paisagens marinhas, nasceu ali em 1824, assim como Erik Satie, em 1866. Coubert, Sisley, Pissarro, Renoir e Cézanne reuniam-se sempre no Ferme Saint Simeón, hoje um hotel de luxo. Artistas trabalham até hoje no cais e as exposições acontecem no Greniers à Sel, dois armazéns construídos em 1670 para guardar sal.

É muito compreensível o motivo pelo qual os grandes artistas vinham para cá. É uma das mais belas cidades que visitamos na França e o mais completo casario preservado no seu centro histórico e de uma beleza embriagante. Venham conhecê-la, se puderam. Garantimos que não haverá arrependimento.

Não menos belas e chocantes por sua beleza, são as falésias de Etretat. As mais belas e mais altas do litoral Francês. Quando chegamos na pequena cidade, ficamos impressionados pelo fato de cerca de dois quilômetros antes do centro, a cidade estava toda tomada por carros. Tivemos que estacionar num pasto que foi transformado em estacionamento. Não queríamos acreditar que aquilo tudo fosse pelas falésias. Andamos até a praia e lá chegando, só vimos as falésias e acreditamos que aquilo tudo era por elas. Merecido, aliás. Ocorre que, quando o gerente do hotel Saint Clair nos levou de carro até onde o nosso havia ficado, ele nos explicou que, naquele dia tinha havido um show aéreo e aquele era o motivo de tanta gente.

Hoje pela manhã, depois de um café da manhã reforçado, resolvemos escalar as falésias a pé. Um espetáculo indescritível. Um porre de beleza natural. Saímos de lá embriagados. Andamos muito pelas suas bordas e, à cada passada, se descortinava um espetáculo mais belo que o anterior. Não é por nada que Monet pintou uma que se chama de elefante colhendo água com sua tromba no mar, conforme foto que adiante postaremos. A caminhada foi árdua, mas valeu cada caloria gasta. E, para nossa surpresa, de graça, esquadrilhas de caças sobrevoaram as falésias e a cidade lançando no ar as cores da bandeira francesa. Lindo.

Honfleur e falésias de Etretat, dois espetáculos imperdíveis. Visitas que não podem deixar de serem feitas, porque patrimônios históricos e ambientais inéditos e magníficos.

De Etretat nos deslocamos até Le Havre. Quando nela entramos percebemos, desde logo, que nada havia de interessante para ser visto. O guia também não motivava muito. Demos umas voltas de carro pelo seu dito centro histórico e percebemos que só havia, praticamente, prédios modernos, tudo decorrência do fato dela ter sido totalmente destruída pela guerra.  Nem paramos, e seguimos em frente, facilidade que a viagem de carro proporciona. Por óbvio, não recomendamos a visita.

Dali fomos para uma cidade que nos conquistou, já que, à primeira vista, não prometia muito. Visita imperdível. Rouen foi fundada no ponto mais baixo do Sena, onde era possível construir  uma ponte, e prosperou com o comércio marítimo e industrialização, tornando-se uma cidade rica e refinada. Apesar dos estragos da segunda guerra, o seu centro histórico, ao redor da famosa Catedral de Notre-Dame, pintada dezenas de vezes por Monet, captando suas diferentes cores a cada tipo ou intensidade de luz que sobre suas fachadas refletiam.

A partir da catedral, a rua du Gros Horloge, se estende sob o grande relógio da cidade até a Praça do Velho Mercado(Vieux Marche) e a Igreja de Sainte Jeanne D'Arc, praça onde ela foi queimada viva. Uma infinidade de ruas do centro velho fornece um espetáculo real do que foi a Idade Média, como seu casario de madeira à vista, hoje pintados, algumas casas tortas pelo afundamento de um dos seus pilares, parecendo um milagre manterem-se de pé para o nosso deleite.  Outra cidade da Normandia que merece uma visita pela riqueza do seu patrimônio histórico/cultural.

A cereja do bolo ainda estava por vir. Nos dirigimos, já no final da tarde para Giverny, para visitar a casa e os jardins de Monet, consagrados nos seus quadros. Chegamos lá dois minutos antes do fechamento e conseguimos fazer a visita dos nossos sonhos, mesmo porque, adoramos os impressionistas, especialmente Monet. O pintor impressionista alugou uma casa na pequena vila de Giverny em 1883, onde trabalhou até sua morte, aos 86 anos. A casa, conhecida como Fondation Claude Monet, e seus magníficos jardins estão abertos ao público. A casa está decorada com as cores originais que Monet apreciava e  os jardins são famosos, como dito, por terem servido de tema para estudos do pintor.

Estarmos nos jardim das águas, com suas pontes e nimphéas tal como eternizados nos quadros de Monet foi uma emoção indescritível, emocionante. Quem gosta de arte, não pode deixar de vivenciar este momento sublime. Aliás, hoje foi o dia de vivermos na realidade os quadros de Monet. A falésia da tromba do elefante, em Etretat, a catedral de Rouen e os jardins de sua casa. Sublime.

Hoje vamos dormir em Chantilly, na Picardia, região ao norte de Paris. Seu castelo e tudo mais que temos programado para amanhã, promete. Até amanhã. Beijos. Narcísio e Dirlei.  

Castelo Ducal, Caen


Borboleta de flores, jardins do Castelo Ducal, Caen


Casario preservado na rue Vaugueux, Caen


Casamata alemã com canhão, Praia de Juno


Fortaleza alemã no mar para proteção da praia de Arromanches Les Bains


Casamatas, Praia de Juno


Ao fundo, fortaleza no mar, na praia de A. Les Bains


Resquícios das chatas de desembarque dos canadenses em A. Les Bains


Casario preservado, Honfleur


A encantadora Honfleur


Porto de Honfleur


Praia de Etretat, cercada por falésias


falésias em Etretat


Campos por onde caminhamos, nas bordas das falésias


A famosa tromba do elefante, pintada por Monet


Campo de golfe no alto das falésias


O impressionante casario do centro histórico de Rouen


Rouen


Praça onde Joana D'Arc foi queimada, Rouen


Catedral de Rouen, tantas vezes pintada por Monet


Casa de Monet, Giverny


Jardim das águas, com ponte ao fundo, que foi tela de Monet


O blogueiro na ponte dos jardins de Monet


Jardins da casa de Monet, Giverny