sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Normandia - Dia D, emoção à flor da pele

Seguidores e Seguidoras,

A postagem de hoje é dedicada aos queridos sobrinhos Jossiane e Fábio, amantes da Normandia.

O dia, sem dúvidas, foi de fortes emoções. A vantagem de viajar de carro, como fazemos, é poder ir ao âmago das regiões, das cidades, da história e das emoções. Hoje foi prova disso. Tiramos o dia para colocar a limpo tudo o que estudamos, vimos, ouvimos, assistimos, sentimos sobre a 2ª Guerra Mundial e, em especial, a Normandia, pelo seu marcante significado na história mundial. Nada, porém, seria tão significativo do que ir a uma pequena cidade cuja configuração ainda é idêntica à do Dia D e que foi por ele afetada pronta e profundamente, e sentir na pele, o mais próximo possível, do que foi aquela invasão histórica e sangrenta por aqui iniciada. Este apenas o prólogo do que sentimos. Vem mais adiante.

A história do dia começa por Cherbourg, onde passamos a noite e que foi uma das primeiras cidades a ser libertada dos nazistas, depois da invasão da Normandia, por ser um porto estratégico. A cidade é tão ligada ao mar que, enquanto tomávamos o café da manhã no Mercure, saia do porto à nossa frente um pequeno grupo de barcos à vela, conduzidos por crianças, com seus professores em barcos vermelhos as ensinando os segredos do mar, para eles tão íntimo.

A cidade é muito frequentada por ingleses. Tanto assim é que é comum ver carros com o volante no lado direito circulando pelas ruas e, durante o jantar, fizemos amizade com um casal de ingleses (como os ingleses são simpáticos) de Bournemouth, que nos deu o seu cartão e pediu, encarecidamente, que os visitássemos no ano quem vem quando conheceremos todo o Reino Unido, com vocês aqui no blog.
Ferries e navios transatlântico  vindos da Irlanda e Inglaterra, todo dia aportam aqui trazendo ingleses que adoram a comida e fazer compras na França, para eles muito mais barato.
O museu du Roule, lembra a invasão do dia D e sua libertação logo em seguida. O movimento da cidade concentra-se  na praça florida do mercado, a Place Général De Gaule e ao longo de sua ruas de lojas, como a Tour-Carré e a rue de la Paix.

Hoje pela manhã fomos visitar o museu do mar, por recomendação de um casal jovem de engenheiros que conhecemos no restaurante da janta e que aqui está no convênio entre França e Brasil para construção do submarino brasileiro. Valeu muito a pena porque vivemos uma emoção nunca antes vivida. Visitar um submarino nuclear em sua inteireza. Um experiência indescritível e só quem vier aqui para sentí-la poderá saber como é. Altamente recomendável. Esta visita deixou em segundo plano o não menos lindo e interessante aquário com as espécies desta região, que também nos encantou.

Dali saímos, próximo ao meio-dia, para mergulhar fundo no Dia D, na Normandia e na 2ª Guerra Mundial. Começamos por Sainte Mère Eglise, uma pequena cidade na praia de desembarque de Utah, sendo ela que sentiu primeiro as consequências da invasão já que os paraquedistas que antecederam o desembarque nas praias pousaram ali. As fotografias da cidade no museu e em quadro pelas ruas mostra que ela não mudou quase nada. Vê-se como ela ficou antes e depois do combate entre americanos e alemães. O que mais choca e ver um paraquedista pendurado na torre da igreja da cidade no mesmo local das fotos que mostram ele na real, naquela data. A reprodução choca. Visitamos os museu, ouvimos o testemunho, em filmes, das pessoas dali relatando todas as suas experiências, como dominados e como libertados. Emocionante. Filmes mostrando os paraquedistas descendo sobre a cidade com os nazistas os alvejando mostra a crua realidade daquele dia. A cidade foi a primeira da região a ser libertada e nunca mais ter notícia dos nazistas, literalmente varridos dali.

Ver a praia de Utah, de uma largura incrível, nos deu a certeza que o desembarque ali foi bem mais facilitado do que nas demais praias como Omaha, já que é plana e não tem costões para transpô-la.

Afetados profundamente, partimos para a mais sangrenta das praias da operação Overlord, de 6 de junho de 1944, a de Omaha. Uma praia belíssima, por sinal. Apesar disso, até hoje continua sem ser explorada como praia de veraneio, sem hotéis, sem novas casas, sem mansões. Nada. Só a reverência pelo que ali aconteceu. Só se tem verdadeiramente a noção da carnificina quando se visita os cemitérios de homenagens póstumas existentes na região.

Para nossa surpresa, quando nos dirigíamos para Omaha passamos por um cemitério num cenário belíssimo à beira da rodovia. Demos meia volta e fomos visitá-lo. Era um cemitérios dos soldados alemães mortos na região. Enorme. Lindo e discreto. O mais chocante foi ver nas lápides, a idade dos soldados mortos. 17 e 18 anos na sua esmagadora maioria. Uma geração de homens que ali se perdeu.

Quando chegamos na Praia de Omaha, pela pequena cidade de Saint Laurent Sur Mer, iniciamaos sua visita pelo cemitério norte americano lá existente. Pura contradição. Belíssimo, bem decorado, num costão com o mar azul ao fundo. Um lugar paradisíaco. As milhares de cruzes brancas, todavia, nos lembravam acerca do tamanho da carnificina ali havida. Os costões altos da praia permitiram que no início, os nazistas estrategicamente protegidos por casamatas no alto daqueles costões, fizessem milhares de vítimas, produzindo um tapete de corpos pela praia até serem mortos.  Muitos turistas americanos por aqui reverenciando seus filhos mortos. A beleza da praia contrasta com a tragédia que ainda paira sobre ela e toda a região.

Dali fomos até Bayeux, uma das cidades que foi mais rapidamente libertada, sem combates, fato que preservou todo o seu casario histórico, fazendo-a única neste particular, já que as demais foram destruídas e conquistadas palmo a palmo. O grande destaque da cidade, todavia, é o museu da Tapeçaria que visitamos ao final de tarde. Impressionante. Provavelmente encomendada pelo bispo Odo de Bayeux, esta "história em quadrinhos" bordada, tem 70 metros, sim, 70 metros de comprimento e conta a invasão da Inglaterra por Guilherme, o Conquistador. Aspectos cotidianos do século 11 são observadas na peça, que relata a derrota de Haroldo, rei da Inglaterra, na batalha de Hastings. É uma obra de arte única, perfeitamente acondicionada numa enorme sala em madeira onde a obra está exposta e bem iluminada para que todos possam contemplá-la, na plenitude. Só isso já valeria a visita a Bayeux.

Agora estamos em Caen, outra cidade relevante no contexto da história da Normandia na segunda guerra. Jantamos uma ótima carne no le Napole, altamente recomendado, acompanhado de um vinho 2007, AOC, da Côte du Rhône, magnífico. Amanhã contaremos tudo daqui e do que visitarmos na região. Haja coração. Beijos. Narcísio e Dirlei.
Centro de Cherbourg


Submarino nuclear por nós visitado em Cherbourg


O blogueiro e o submarino


Interior do submarino, em Cherbourg


Marina lotada, em Cherbourg


Foto da libertação de Sainte Mère sur Mer, por americanos


Prefeitura, com homenagem aos libertadores, em Sainte Mère


Reprodução, na torre da igreja, de soldado americano que lá ficou preso por seu paraquedas, Sainte Mère


Avião e desembarque no museu de Sainte Mère


Museu em Sainte mère


Utensílios originais, do dia a dia dos soldados americanos


Praia de Utah, desembarque dos aliados


Homenagem aos mortos na Praia de Utah


Avião no museu na Praia de Utah


Cemitério alemão


Cemitério americano


cemitério americano


Praia de Omaha


Monumento na Praia de Omaha


Prefeitura de Bayeux


Casario e moinho antigo em Bayeux


Rua principal da preservada Bayeux


Bela e majestosa catedral de Bayeux



2 comentários:

  1. Oi Mano, que lugares maravilhosos, e a descrição de vocês faz mesmo a gente sentir-se junto.
    Vou aproveitar e deixar aqui o nosso abraço e votos de Muitas Felicidades, Muitas viagens, muitos sonhos realizados... Parabéns Mano. Que Deus te abençoe sempre!
    Feliz Aniversário!!!!!!!!!!!!!
    Flávia e Zinho

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  2. Oi Tio, Dirlei ... simplesmente ADORAMOS a descrição sobre a Normandia ... muitíssimo obrigada, só fez aumentar nossa vontade de ir até aí olhar tudo pessoalmente!!
    Aproveitando o ensejo, Tio, desejamos desde já FELIZ ANIVERSÁRIO pela data comemorada amanhã(26)... o Sr. faz aniversário e nós agradecemos o presente desta descrição e destas fotos impressionantes!!
    Beijos Jossi e um abraço do Fábio

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