domingo, 20 de maio de 2012

Londonderry e a Calçada dos Gigantes

Seguidores e Seguidoras,

Hoje fizemos, sem dúvida, a aventura mais radical desta viagem. Conhecer a Calçada do Gigante (Giant's Causeway), no extremo norte da Irlanda do Norte.

Antes, todavia, conhecemos Londonderry, uma das cidades mais ao norte da Irlanda do Norte. São Columbano fundou um mosteiro aqui, junto ao Rio Foyle, em 546. Ele chamou o lugar de Doire ou "bosque de carvalho", mais tarde anglicizado  como Derry. Em 1613, a cidade foi sede de um grande projeto agrícola bancado por firmas de aluguel de cavalos de Londres(daí o prefixo da cidade), embora a maioria a chame de Derry.

Derry é a única cidade totalmente murada  que restou na Irlanda, e suas fortificações estão entre as mais bem conservadas da Europa. As muralhas da cidade se elevam até 8m e em alguns pontos chegam a 09m de largura. Concluídas em 1618 para defender a nova cidade comercial dos chefes de clã gaélicos de Donegal, as muralhas nunca foram devassadas, nem no cerco de 1689, quando um terço da população de 20mil morreu de doença ou de fome. 

A cidade histórica murada é fácil de ser visitada já que é pequena. Está muito bonita e conservada, inclusive seu inexpugnável muro. A catedral de São Columbano tem teto de madeira na nave que data de 1862. Os suportes são entalhados com as cabeças do antigos bispos e deões. Uma cidade grande fora dos muros e pequena e linda dentro dele. Vale a visita.

Como acordamos mais cedo, bem antes do meio dia já estávamos na região da Calçada dos Gigantes, cerca de 90 kilômetros acima de Londonderry. Uma aventura que desafia o corpo e a imaginação. Para quem, como nós, vai de carro, a chegada ao monumento natural depende de uma longa caminhada de meia hora, com uma radical descida num penhasco muito alto, primeiro por escadas verticais de pedras e, depois, em zigue-zague, até chegar no local.

Só vendo e caminhando nesta calçada gigante feita pela natureza, é que se tem a real dimensão do que vimos.

A extravagância e a bizarra regularidade de suas colunas de  basalto fizeram da Calçada do Gigante tema de muitas lendas. A mais popular reza que o gigante Finn MacCool construiu a calçada para poder atravessar o mar e alcançar sua amada, que vivia na Ilha de Staffa, na Escócia, onde há colunas similares. Estima-se que 37mil colunas de basalto se estedam do rochedo até o mar. Perto da praia elas foram erodidas para formar o Grand, a Middle e a Little Causeways. As colunas são geralmente hexagonais, mas há outras de quatro, cinco, oito e até dez lados. Em geral têm 30cm de largura. Milhões de anos de atividade geológicas podem ser observadas nos flancos erodidos da calçada.

É um espetáculo da natureza exuberante e inigualável. Quem não conhece o seu processo de formação pode jurar que aquilo foi feito pelo homem, tamanha a perfeição dos hexagonos e a forma como estão empilhados. Caminhar por sobre esses blocos permite avaliar a perfeição da natureza na sua construção. Quem puder e gostar de ver as coisas mais extraordinárias do mundo, não pode perder.

A propósito, estava qualhado de motociclistas no local, sendo uma dica para os nossos amigos Brandão,  Antônio César e outros amantes do motociclismo, darem uma passada por aqui.

Maravilhados e encantados com esse raro fenômeno da natureza, conseguimos subir o radical penhasco, de uma altura inacreditável e chegar até o carro, para retornar à Inglaterra. Como o nosso carro tem placa da Inglaterra, hoje fomos parados na estrada por uma viatura policial. Não sabíamos o motivo. O policial se acercou, pediu os documentos e quando viu que éramos brasileiros exultou de alegria. Nunca tinha parado uma carro com brasileiros durante toda sua longa carreira. Pediu a carteira de motorista e os documentos pessoais só para ver como é que eram, para contar para os seus colegas. Debruçou-se na janela do carro e começou a "tricotar" conosco acerca da viagem, do Brasil, de sua felicidade em nos ter parado e nos conhecido. Só parou quando dissemos que tínhamos que pegar o navio para a Inglaterra ao que pediu desculpas pelo atraso e nos liberou. Saiu feliz da vida por ter ganhado o dia parando um carro com brasileiros. Da nossa parte, imaginamos que parou porque era carro da Inglaterra e, como eles odeiam os ingleses, acho que iria inventar uma multa se fôssemos ingleses. A propósito, o mundo aqui se abre quando falamos que somos brasileiro. Na alfândega para entrar no navio, todos os carros são amplamente revistados, abertas malas, tudo. No nosso caso, na ida e na vinda, bastou falar que éramos do Brasil e o papo mudava, nada era revistado e nos liberavam rapidamente. Na vinda, inclusive, o bagageiro já estava aberto para revista das malas quando o blogueiro explicou que a quantidade se devia à nossa longa viagem e que éramos do Brasil. Imediatamente o bageiro foi fechado e fomos liberados. Na volta, sequer isso foi feito. Não entendemos nada. Melhor para nós.

Atravessamos hoje de volta para a Escócia de onde viemos para a Inglaterra e, depois de cruzada a famosa Muralha de Adriano, que corta todo o País e parte dos lindos Apeninos, a coluna cervical da Inglaterra, estamos no Hilton de Newcastle, no norte. Amanhã reiniciaremos nosso recorrido, agora pelo leste do País até o sul. Tudo estará aqui. Beijo a todos.

Rua Bishop Within, a principal do centro histórico de Londonderry

Muro preservado da cidade de Londonderry, com o blogueiro passeando sobre ele

Casario da Praça principal de Londonderry

Mais uma vista da rua principal da agradável Londonderry

Catedral St. Columbus, de Londonderry

Fábrica natural da Calçada do Gigante, com empilhamento perfeito

A Calçada do Gigante, no extremo norte da Irlanda do Norte

Visão da calçada da da montanha de onde ela foi gerada com a erosão provocada pelo mau

Detalhe da Calçada. Lembre-se, clicando nas fotos elas aumentam de tamanho

Giant's Causeway

idem

Parte da calçada, ainda em formação

O blogueiro, na Calçado do Gigante

A perfeita obra da natureza

Idem




 

Um comentário:

  1. Caríssimos.
    Estou apreciando a viagem, mas a dica de fazer o passeio de moto me deixou com água na boca. Quem sabe não seja a viagem do próximo ano.
    Um beijo para vocês e continuo na carona.
    Paulo

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