quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Deserto do Atacama, Cordilheira dos Andes e o ótimo Explora Atacama

Seguidores e Seguidoras,

Conforme já havíamos anunciado em postagem neste blog, de 21 a 27 de Dezembro nos dedicamos a conhecer profundamente o Deserto do Atacama, no Chile, e a Cordilheira dos Andes naquela região, na medida que já a conhecemos mais para o sul até os Lagos Chilenos e a Patagônia. O deslocamento foi feito pela Lan, que não recomendamos. Atrasou em cerca de uma hora e meia a saída do Brasil o que redundou na perda da conexão para Calama, em Santiago. Lá o serviço de orientação e organização para nos recolocar em outro voo foi péssimo, resultando na perda de mais dois voos até conseguirmos pegar o terceiro. Resultado. Chegaríamos no Hotel no final da tarde, ainda dia, mas chegamos depois das 22,00 horas. Por isso, se puderem, evitem-na. No retorno, agora pela Tam, que é a mesma coisa que Lan, já que as duas se uniram, o serviço continuou péssimo, deixando-nos quase sem opções já que agora essa união resultou em um quase monopólio nas viagens Brasil-Chile. A propósito, para a Europa há anos não viajamos mais pela Tam, justamente pelo péssimo serviço que recebemos dela num voo Paris/São Paulo. Para arrematar, no voo de São Paulo/Florianópolis, atrasaram em cerca de duas horas para esperar passageiros e tripulação de um voo que veio de New York. Ou seja,  a conexão no Chile não nos esperou 10 minutos. Aqui, tivemos que esperar quase duas horas dentro do avião para esperar passageiros de conexão. Resumo, uma ação judicial haverá de reparar os aborrecimentos que nos causaram.

Nada, porém, teve o condão de empanar os dias maravilhosos que tivemos na região do Atacama. Para quem quiser conhecer aquela região intensamente não pode ter melhor maneira de fazê-lo senão se hospedando no excepcional Hotel Explora Atacama. Não há adjetivo suficiente para retratar o profissionalismo, o respeito e o carinho com que nos trataram. 

Contratamos o hotel no sistema "all inclusive", com hospedagem e três refeições diárias. Fomos, porém, preparados para contratar os passeios e as excursões com uma empresa especializada. Não foi preciso. No preço que pagamos já estava tudo incluído mesmo. Tudo foi oferecido pelo próprio hotel e com um profissionalismo extremado. No lobby do hotel tem sempre alguém pronto para sentar contigo numa mesa com mapa da região para te orientar acerca das aventuras disponíveis, inclusive organizando de forma que você vá se adaptando paulatinamente aos efeitos da altitude. Feito isso, você escolhe as aventuras do dia seguinte. No horário e hora marcados, cantil de água por eles fornecido cheio, e bem equipado para as peculiaridades do local a ser visitado, no lobby do hotel um guia está a esperá-lo com um motorista e uma van limpa e com ar condicionado lá fora prontos para partir, pontualmente. Antes de saída o guia faz a apresentação do passeio e no trajeto vai dando informações consistentes sobre a fauna, flora, geologia, população, história, etc. Nos locais, após as caminhadas, pedaladas ou cavalgadas, sempre é servido um lanche ou um almoço, quando for o caso, com mesa posta, com toalha, água fresca, refrigerantes, sucos e vinho, sempre um chileno de qualidade, quando se trata de almoço. Para comer, os mais variados snacks e no almoço, salmão, salada, outras carnes e guarnições e sobremesa. Um show. Quando se sai para um passeio muito cedo, antes do horário do café da manhã, é servido mesmo assim, no hotel, antes de sair, um rápido no bar e, quando chegamos no local da aventura, lá era servido um ótimo café da manhã com sucos, frutas, frios, bolos, café quente. Impressionante.

Para os passeios, cavalos brilhando e bem tratados, bicicletas para todos os tamanhos e carros, apesar da sujeira e poeira do dia anterior, sempre limpos no dia seguinte. Tudo o que você vai fazendo é registrado no seu prontuário no computador, sempre acessado quando se vai fazer a programação do dia seguinte. Um serviço de alta qualidade.

Apesar de ser um cinco estrelas, o luxo do hotel é o serviço de alta qualidade. A suite, de bom tamanho, com materiais de ótima qualidade. Uma ótima cama e um espaçoso banheiro com hidromassagem. Uma janela de uma parede à outra, com vista para uma área verde e sol nascente. Todos os dias o leito era aberto para dormir, sempre com um chocolate belga, metade puro cacau e metade chocolate normal. Uma grande jarra de água com dois copos, sempre à mão.  Não há, todavia, televisão e internet. A política do hotel é no sentido de que os hóspedes saiam para as inúmeras aventuras que disponibilizam e incentivam que curtam.

O café da manhã, o almoço e a janta, todos de excelente qualidade. Um cardápio com duas entradas, dois pratos quentes, normalmente um de peixe e outro de carnes variadas, e até cinco opções de sobremesa, tudo regado sempre a bons vinhos chilenos, chopp, cerveja e todo tipo de sucos e refrigerantes. O pessoal dessa área também muitíssimo preparado, atencioso e simpático. Definido o prato, imediatamente havia a troca de talheres para adaptá-los ao que foi pedido. O vinho pedido nos dias anteriores era recordado para as sugestões daquele dia. Você é realmente muito bem tratado.

A área comum do hotel é bem espaçosa e arejada, com vista para os vulcões da região. Biblioteca e salas de estar e leitura. Uma loja vende todo tipo de equipamento para as aventuras, a preço justo. Antes dos passeios, numa grande mesa todo tipo de sementes, nozes e frutas desidratadas para quem quisesse se abastecer melhor para a aventura.


Vista do Hotel Explora Atacama


Falando em aventuras, vamos ao que você precisa para enfrentá-las  com conforto e segurança. Chapéu ou boné com proteção de orelha e pescoço, camisa, de preferência de manga comprida e tecido leve, como algodão ou linho, já que, além de proteger do sol, o clima é seco e você pouco sua, fica-se protegido de contato com rochas e plantas do deserto. Calça comprida, própria para esse tipo de caminhada e que também protegerá suas pernas. Quem levou manga e calça curta sempre se arrependeu. Neste particular, lemos atentamente as orientações que o hotel nos mandou a respeito e nos demos muito bem. Botas de caminhar com cano alto para proteger o tornozelo de torções. Por fim, uma mochila para levar jaqueta corta-vento para o caso de esfriar, protetor solar, e água e cantis de alumínio fornecidos pelo hotel. A mochila deve ter espaço para eles.

Vamos, pois, ao que interessa.

Dia 22, pela manhã: Cornisas - O vale da Morte. 

Conta a história que um religioso que chegou na região olhou para o vale e o achou parecido com o solo de Marte e o apelidou de Vale de Marte. Os nativos, porém, nunca tinham ouvido falar do planeta e entenderam muerte ao invés de marte, daí se originando o nome. Saímos na metade da manhã na direção de Calama. Poucos quilômetros depois, saímos do asfalto e fomos colocados em contato direto com o deserto inclemente. Seguimos andando, por caminho bem pedregoso, pelas bordas do penhasco com o vale e suas lindas paisagens de formações rochosas e dunas lá embaixo. Depois de muito caminhar chegou o momento de descer encosta abaixo para o leito do Vale da Morte. Uma enorme duna, desde o topo do penhasco até o vale lá embaixo, foi o local escolhido. Areia bem fofa, calcanhar primeiro e despencamos ladeira abaixo. Bem divertido. Quem não tinha bota de cano alto até o tornozelo, chegou lá embaixo com os pés queimando com a areia que penetrou no calçado. As fotos mostrarão a extensão da descida. Lá embaixo, começamos uma longa e cansativa caminhada, primeira sobre uma areia fofa e depois por um pequeno canyon até onde o carro nos esperava para um lanche e reidratação. Dali retornamos para o hotel, um bom banho e almoço, soninho para se preparar para o programa do fim de tarde.


Esta foto e as próximas, aventura no Vale da Morte








Dia 22 - à tarde.  Laguna Chaxa no Salar do Atacama, cidade de Toconao e por do sol no Salar do Atacama.

Saímos por volta das 17 horas rumo ao imenso Salar do Atacama, distante mais de 50 km do hotel. Paisagem desértica ponteada por árvores muito verdes, para aqui importadas do Peru para conter o deserto e que sobrevivem lá por terem raízes de até 100 metros de profundidade. O projeto, porém, não evoluiu porque, mesmo entre as árvores e na sua sombra o deserto subsiste intacto. Depois de alguns quilômetros divisamos a pequena cidade de Toconao, perdida no meio do deserto. Um pequeno canyon, formado por águas da montanha, a corta. Casas de adobe, próprias para o clima daqui, mantendo-as fresca de dia e quente à noite, quando a temperatura baixa muito em todo o deserto. Uma pracinha com plantas e flores, uma torre de uma igreja antiga, com uma porta feita de madeira de cactus. Muito interessante. O teto da igreja também assim o é. Povo simpático e hospitaleiro. Num dos cantos da praça duas lhamas, fêmea e seu filhote, perseguiam um rapaz em busca das pipocas que ele comia. E quando ele não dava, elas espirravam sobre ele. Uma cena hilária, para deleite dos turistas. Depois entramos numa casa típica do povo do deserto. Na entrada uma área aberta onde vendiam artesanato. Depois um quintal com o tear antigo para tecer roupas com as lãs da lhamas, que estavam sendo criadas, para carne e lã num pequeno cercado nos fundos. Árvores frutíferas locais, também estavam presentes no quintal. Visitada a cidade, partimos, finalmente em direção ao salar. Aqui o sal não tem a cor branca que vimos nos Grandes Salares, próximos de Salta, na Argentina. É de cor terrosa, da areia da região. Nas suas lagoas os flamingos rosados e uma grande diversidade de pequenos pássaros e marrecos, ali se alimentavam. Entramos caminho adentro do salar até uma ponto especialmente para se apreciar o por do sol, belíssimo, nas montanhas no outro extremo do grande salar. Apesar do vento frio do anoitecer, o por do sol foi um espetáculo de luzes e cores, para sempre gravado na mente e nas nossas retinas. Só vivenciando para saber como esse espetáculo afetará cada um. Com o sol posto, retornamos para o hotel.


A cidade de Toconao, a Laguna Chaxa e o por do sol no Salar do Atacama







Dia 23 - Dia inteiro - Coragem para enfrentar a altitude dos Geyser Tatio e as Termas de Puritama. 

Eram 5,00 horas da manhã e já estávamos  no bar tomando um café da manhã rápido já que os geysers são mais ativos até às 9,00 horas. Na van, além do guia e do motorista, os blogueiros, duas paulitas/húngaras,  Judit, uma cirurgiã vascular,  e Katy, uma artista, de quem ficamos amigos já que compartilhamos quase todos os passeios, além de uma australiana que falava pelos cotovelos e nos deu várias dicas para uma futura viagem para lá. No caminho,  primeiro asfalto e depois terra e rípio, a paisagem ia mudando à medida que subíamos os Andes. Cada curva uma paisagem diferente. Montanhas, vulcões, vales, vicunhas,  vegetação desértica e, à certa altura, o sol começou a dar sinal de vida, nos cumes iluminados das montanhas e vulcões. Um espetáculo de tirar o fôlego. Quando chegamos na região dos geysers, cerca de 4.400 metros de altitude,  os divisamos às dezenas, num campo aberto, com seus chaminés soltando gases e nuvem branca de vapor de água. Alguns deles em erupção de água quente de cerca de 1 metro a 1 metro e meio de altura. Aqui eles não soltam jatos muito altos como em Yellowstone que visitaremos em Setembro próximo. Alguns deles formavam ao seu redor formações calcárias na forma de pequenos vulcões. Outro apresentava pequenos tremores de terra  que sentíamos quando parados próximo dele. Outros rodeados de várias cores, dos elementos químicos que dele eram emanados. Uma paisagem de um planeta distante em formação. Muito frio. Roupa muito grossa. Quando o sol nasceu, as colunas de vapor adquiriram coloração mais clara e prateada. Depois de andarmos por entre eles, pesquisando acuradamente cada um, no outro extremo, naquele paisagem surreal, a mesa estava posta para um delicioso e completo café da manhã. Quer mais? Imperdível. Um deleite. Mas o melhor da luxúria ainda estava por vir.


Esta e as fotos seguintes, dos Geysers del Tatio e das paisagens encontradas no caminho até eles













Vistos os geysers começamos a descida e, cerca de mil metros mais baixo, paramos na beira de um canyon, com vários carros parados no topo e o pessoal descendo a pé. Para nós, porém,  o guia desceu com uma chave, abriu a corrente que impedia o acesso de outros por uma estrada pela encosta do canyon, privativa do Explora e, lá no fundo, vestiário, roupão, colocamos roupa de banho e fomos para a piscina privada do hotel, a primeira de uma série rio abaixo, de águas termais, as Termas de Puritama. Nós cinco entramos na água medicinal quente e transparente, contrastando com o frio do lado de fora. Uma mordomia de sultões. No pátio da piscina, funcionários do hotel começaram a montar a mesa do nosso almoço. Aproveitamos o que deu daquela delícia de água saudável e, quando saíamos, um funcionário nos esperava com o roupão grosso, que vestimos para o almoço com as delícias anteriormente descritas e um cabernet  sauvignon chileno, dos deuses. A paisagem do almoço eram altas formações rochosas coloridas que  formam o canyon por onde brotam as termas. Parecia sonho. Do meio para o fim da tarde chegamos ao hotel felizes e cansados, já que a altitude cobra seu preço. Um dia completo e inesquecível, terminado com o bom jantar e mais vinho e bate papo com os americanos, irlandeses, franceses, chilenos, brasileiros acerca das experiências de cada um no dia cheio.


Fotos da nossa estada nas Termas de Puritama





Dia 24 - Manhã - Omebrada Kari - o Canyon do Vale da Lua. 

Por volta das 09 horas saímos com mais oito pessoas também em direção a Calama e logo em seguida, passando pela Cordilheira do Sal, diferente do Vale da Morte, quando saímos à direita, desta vez saímos à esquerda até as bordas do penhasco profundo do árido Vale da Lua. Andamos muito por sua borda até que a altura do penhasco se amenizou e mergulhamos no vale salgado e largo, o Vale da Lua. Cruzamos a extensa planície parcialmente salgada do vale divisando a outra borda montanhosa do outro lado. Para nossa surpresa, quando lá chegamos, começamos a caminhar por um rio seco que aos poucos foi se transformando num canyon profundo e sinuoso com uma paisagem surpreendente à cada curva.  Ora eram formações rochosas impactantes, ora as encostas salpicadas de sal como se tivesse caído neve, ora o chão coberto de grossa camada de sal super branco que dava a impressão de que ali havia caído uma forte nevasca, ora uma gruta em curva, feita pela água, obrigando-nos a andar abaixados, ora uma gruta parecida com uma catedral. Em determinado momento, numa curva mais ampla, a excelente guia Cláudia, pediu para que todos parassem e ficassem em absoluto silêncio. Começamos a escutar uma série de estalos, crecs nas paredes rochosas como se elas fossem rachar e cair sobre nós. Um fenômeno das rochas de sal, a estalar constantemente. Ora nos deparamos com cascatas secas que exigiam habilidade, atenção e esforço para descê-la escorando as botas nas pequenas reentrâncias da rocha para descer alturas perigosas e que se tornavam mais fáceis com as minuciosas orientações da guia. Uma caminhada difícil e impactante até o outro lado onde a van nos esperava com cerveja, suco, água gelada e alguns snacks. Depois hotel, banho, almoço, descanso porque às 17,30 tinha mais.


Esta e as fotos seguintes: Nossa aventura pelo Vale da Lua

















Dia 24 - à tarde - Lagoa Cejar de bicicleta

Por volta das 17,30 um guia de bicicleta, um carro de apoio, os blogueiros e a paulista Katy saímos para uma passeio de 19 kms de bicicleta até duas lagoas salgadas, tão salgadas quanto o Mar Morto, onde  poderíamos nos banhar e flutuar sem fazer força. No início o trajeto era ruim, com pedras irregulares no pátio do hotel e um areião muito instável, fato que fez o blogueiro seguir no carro de apoio até que esse pequeno trecho terminasse. Depois o caminho era plano, alternando asfalto e estrada pedregosa. Quando faltavam cerca de 5 kms para chegarmos ao destino, um vento muito forte em sentido contrário, foi fazendo suas vítimas. Primeiro as damas, por último o blogueiro, todos tivemos que desistir porque o vento era de tal força que tornou-se impossível seguir em frente. Até o guia, ciclista experimentado, já não conseguia mais progredir. Por isso, aconselhamos que este passeio seja feito no período da manhã onde os ventos são mais fracos e a favor. Todos no carro de apoio chegamos  finalmente nas lagoas. Traje de banho, sol, entramos na água e, antes de conhecermos o Mar Morto, tivemos a sensação de deitar-nos inerte na água e não afundar. Incrível e diferente. Na saída da água o pessoal do hotel nos esperava com galões de água doce para tirar o sal já cristalizado nos nossos corpos e com os sucos, cervejas, etc. etc. Uma experiência que vale a pena ser vivida.

Dia 25 - Manhã - Centro de San Pedro de Atacama

No dia 25, tendo em vista um pouco mais de vinho que tomamos na ceia de natal na noite anterior, não marcamos nada de especial para o início da manhã. Neste particular, o único ponto negativo do Hotel Explora. A ceia de Natal pouco teve de diferente dos jantares dos dias anteriores. Apesar de todos virem para a Ceia de Natal, que constava da reserva como especial, com suas melhores roupas, o que houve de diferente foram os garçons com o quepe de Papai Noel e no final, uma travessa retangular com uma seleção de doces. Lógico que encomendamos um vinho premium e nos reunimos com amigos lá feitos, o Eduardo e a Carol, de São Paulo, e fizemos a nossa festa particular até tarde. Sentimos que não fizeram nada de especial para o pessoal não se desgastar para o passeio do outro dia cedo. Foi, porém, o único ponto negativo do ótimo Explora ao qual se acrescenta a dúvida se eles dispõem de transporte rápido, tipo helicóptero, caso aconteça um acidente nas montanhas ou nos canyons. No dia 25 acordamos mais tarde e, depois do café da manhã resolvemos ir a pé visitar o centro de San Pedro de Atacama.Uma pequena cidade típica do deserto, mas muito interessante. Um calçadão para pedestres, com postes de iluminação pública bem típicos, muitas lojas, hotéis e restaurantes para o deleite dos muitos turistas que para lá acorrem, inclusive muitos brasileiros. A praça principal, bem arborizada ao centro e rodeada por prédios históricos, com arcadas em estilo espanhol, a igreja, prédios administrativos, tudo muito bem cuidado e limpo. Dela também se tem  acesso a um mercado num longo corredor, com manufaturas e produtos típicos da região. Noutro canto o museu da cidade, muito interessante, com a história completa dos povos que ali viveram há milênios, suas armas e utensílios, além de todo tipo de artefato inclusive para o consumo de alucinógenos. As múmias do povo local, encontradas intactas, decorrência do clima seco e do sal, por um movimento dos índios locais, de lá foram retirados e entregues ao seu povo. Só em filme pudemos ver o perfeito estado de conservação em que se encontravam quando foram descobertas. Além das antiguidades, lá também havia uma exposição de arte do povo local, com peças belíssimas e muito interessantes. Quando estávamos entrando no museu ouvimos tambores e cantorias vindos da praça e, com a promessa do pessoal do museu de que poderíamos sair para ver e depois voltar,  fomos até lá e nos deparamos com um grupo de jovens, vestindo roupas típicas bem coloridas, que estavam, ao ritmo dos tambores, dançando uma dança típica do natal, bem coreografada. Os seguimos até o interior da igreja onde durante vários minutos fizeram sua dança com diferentes coreografias. Um espetáculo de cultura local que nos encantou e que vale a pena ser visto por quem lá estiver no período do natal.
Feitas alguns compras, tomado sorvete de frutas locais, voltamos ao hotel para o almoço e preparação para a aventura da tarde.


Com o Casal Eduardo(artista) e Carol(advogada) na Ceia de Natal

Esta e as fotos seguintes, San Pedro de Atacama e Dança Folclórica  de Natal











Dia 25 - à tarde - Guatin Punta Del Inca - Trilha dos Cactus

No meio da tarde, alertados pelos guias de que seria uma aventura um pouco mais pesada, saímos na direção do caminho para os geysers sendo que, a meio caminho paramos e começamos uma caminhada por um deserto bem pedregoso e que exigia extrema atenção no caminhar para não tropeçar e cair. Paramos várias vezes para conhecer e sentir o cheiro forte de algumas plantas do deserto, com explicação do uso que delas faziam os antigos povos que ali habitaram. Depois de uma longa caminhada começamos a mergulhar num canyon estreito e profundo, onde correm as águas termais que formarão as Termas de Puritama mais abaixo, anteriormente mencionadas e, nas suas encostas e paredões, uma profusão de cactus formando uma paisagem incrível. Todo tipo de tamanho e formato de cactus, muitos denunciando, pela formação dos seus brotos, se tiveram ou não inclinação que os colocaram em risco ao longo dos anos. Sempre que isso acontece, brotam ramificações em sentido contrário para que o cactus se reequilibre e tudo isso pode ser constatado num simples olhar para eles. Seguimos em descida vale a dentro, às vezes tendo que atravessar o pequeno rio, outras vezes tendo que descer cascatas radicais, outras subir paredão de pedra e ainda outras, caminhar por dentro de uma espécie de capim alto que nasce no vale, quase que desaparecendo dentro dele. Uma caminhada belíssima, mas só para quem está em perfeitas condições físicas. Caso contrário, o difícil Canyon dos Cactus cobra o seu preço. Depois de andar muito, superando todo tipo de obstáculo, voltamos ao deserto onde nos surpreenderam  várias construções de pedra junto às rochas, construções dos povos antigos para viver, criar e proteger seu rebanho de animais locais. Estão lá, gravados nas pedras, os vestígios da fumaça das fogueiras que faziam no local, para cozinhar e se aquecerem. Uma aventura difícil mas completa, rica e de belezas naturais impactantes. No final, com o sol se pondo, a estrutura de lanches e bebidas nos esperava  na van. Um sonho.


Esta foto e as seguintes: Aventura no Vale dos Cactus e cercanias













Dia 26 - Passeio de dia inteiro para os lagos de altiplanos - Socaire - Lagoas Miscanti e Miñiques e Salar de Águas Calientes.

Para o último dia reservamos a cereja do bolo. Um passeio mais de carro, só de pequenas caminhadas, para apreciar as belezas dos lagos do altiplano dos Andes. Um espetáculo indescritível. À medida que avançávamos em direção à altitude, mais de 4000 metros, a paisagem e os animais iam mudando. Primeiro o deserto, seus salares e as lhamas, depois uma vegetação mais densa e os guanacos e, por fim, nas grandes altitudes, as raras e protegidas vicunhas. No caminho, de repente nos vimos diante de uma  paisagem lunar. Um mar de lavas vulcânicas, petrificadas em ondas e montes como se a erupção tivesse se congelado no tempo, numa planície a perder de vista. Chocante. Quando chegamos no topo, os espetáculos se sucederam. Cada lago com uma feição diferente e uma paisagem montanhosa ao redor, de perder o fôlego. Umas com mais água, outra metade água, metade sal, outra quase só sal e apenas um pouco d'água, foi uma sucessão de cartões postais para o deleite de nossos olhos e mentes, tudo compartilhado com as duas paulistas antes descritas e agora com o empresário Hector e sua esposa, de Santiago, que naquele dia comemoravam 26 anos de casados. Um passeio mágico e belezas indescritíveis. O almoço foi montado, com mesas, cadeiras com suporte para os copos e um almoço completo, com salmão, carnes, saladas frescas, molhos, pães, vinho e todo tipo de bebidas geladas. Ali sentados, numa reentrância rochosa protegida do vento, parecia um sonho, algo surreal. 
No retorno, paramos na cidade de Socaire, com seu casario típico de pedras escuras e formado pela população que explora as riquezas que o Salar do  Atacama proporciona, especialmente as ricas minas de lítio, hoje patrimônio estratégico da Bolívia e do Chile que detêm a maior parte desse elemento presente principalmente em todas as baterias dos aparelhos eletrônicos e dos carros elétricos experimentais. Retornamos extasiados para o hotel.


Planície de Lavas petrificadas

Esta e as próximas fotos: Paisagens com os lagos do altiplano dos Andes
























Como puderam ver, foi uma viagem acima das nossas expectativas, tanto pela qualidade e estrutura do Hotel Explora Atacama, como pela variedade de aventuras e pelas ricas e diferentes paisagens da região andina do Atacama. O fato do hotel providenciar tudo nos deu tranquilidade e segurança para explorarmos intensamente o lugar e, de lá, retornarmos mais completos e conhecendo um pouco mais o complexo mundo em que vivemos. Valeu muito a pena. Quem puder fazer, especialmente contando com a estrutura que o hotel colocou à nossa disposição, não pode perder. É impressionante. Nas festas de ano novo estivemos no lindo e luxuoso Hotel das Cataratas, no Parque Nacional do Iguaçu. Isto, porém é assunto para outra postagem. Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.


4 comentários:

  1. Nossa Narcísio e Dirlei que viagem maravilhosa...ainda não fomos ao Atacama devido a altitude mas parece não ter sido um problema para vocês.
    Um local do outro mundo mesmo.....

    FELIZ 2013

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  2. Oi Inês. A altitude, se vocês são saudáveis e fazem um pouquinho de atividade física, não tem problema. Lá eles programam as aventuras de forma que você vá se adaptando gradualmente. Como dissemos, vale muito a pena e é aqui perto. Quero vê-los por lá um dia desses. Ótimas viagens. Forte abraço. Narcísio.

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  3. Narcísio e Dirlei,
    Primeiro, somente para fazer justiça: quando fui fazer a viagem de moto a Islândia fui até Londres (porque na época não tinha outra alternativa, já que era no período das olimpíadas) com a TAM. Foi uma viagem excelente. Tanto na ida como na volta o horário foi observado, a pondo de chegarmos a Londres com quase meia hora de antecedência.
    Mas o que importa é que foi uma viagem e tanto. Aliás, o Atacama é um lugar tão especial que vale a pena em qualquer época do ano e em qualquer condição. Heloisa e eu viajamos novamente com o relato.
    Um beijo nosso para vocês.

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  4. Tio Narcísio e Tia Dirlei, é uma pena que não conversamos antes, pois eu e o Léo estávamos em San Pedro entre os dias 21 a 30/12 (com Bolívia de 24 a 27/12). Coincidentemente fizemos o passeio da Laguna Chaxa 22 a tarde, e Geisers del Tatio dia 23 pela manhã. O lugar é inesquecível! Foi uma viagem maravilhosa! Beijos, Thaís e Léo

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