quarta-feira, 20 de março de 2013

Proibido para menores - Templos de Khajurajo

Seguidores e Seguidoras,


Ontem fizemos a viagem de Orchha para Khajurajo. A estrada, com paisagem um pouco mais montanhosa, foi boa até um até determinado lugar onde, fruto da endêmica corrupção daqui, era para ter sido asfaltado duas pistas e asfaltaram apenas uma, bem no meio do percurso. Resultado. Perigo constante já que ninguém queria sair da pista para colocar uma roda no acostamento, mesmo porque, como a estrada já tem várias camadas de asfalto, ficou um grande desnível, causando perigo de capotagem. Diante disso, a viagem foi muito perigosa pois os caminhões não davam passagem e tínhamos que constantemente sair da pista. A propósito, dirigir aqui é um perigo permanente pois sobre rodovia há uma profusão de motos, carros de boi, camelos, vaca, búfalo, tuc-tuc, rickshaw, procissões, pessoas conversando(sim, pessoas paradas conversando sobre rodovias de alta velocidade) e tudo mais que você possa imaginar. Por isso, as viagens aqui são sempre picadinhas, porque você tem que parar, desviar, buzinar, sair da estrada, com grande frequência. Esta uma breve abordagem de como é o trânsito nas estradas da Índia.

Vamos ao que interessa. Khajurajo é uma cidade única. Apesar de ter somente 20 mil habitantes, tem 5 hotéis cinco estrelas e aeroporto, equipamentos que cidades muito maiores não têm. Qual o motivo disto. Os templos milenares e patrimônio da Unesco que a cidade tem muito bem preservados.

O magnífico grupo de templos em Khajurajo, como dito, um Patrimônio da Humanidade, foi construído entre os séculos 9º e 10º, pela dinastia Chandela, que dominava a Índia central nesse período. O templo mais notável é o Kandariya Mahadev, que representa o auge da arte e da arquitetura sacra da Índia. Chamam atenção as dimensões grandiosas, a composição complexa, mas totalmente harmoniosa, e as requintadas obras esculturais. Mais de oitocentos imagens embelezam o templo, retratando deuses, deusas, animais, guerreiros, donzelas sensuais, dançarinos, músicos e, é claro, cenas eróticas pelas quais os templos de Khajurajo ganharam fama.

A propósito das esculturas eróticas, importante salientar que há mil anos o povo hindu era um povo sensual e erotizado. Sua religião pregava o sexo com muito prazer, valendo tudo para se alcançá-lo. Orgias, sexo com pessoas de sexo diferente e pessoas do mesmo sexo, quando o prazer não fosse encontrado aí, o sexo podia ser feito com animais. Pregavam também o sexo oral, anal e em centenas de posições diferentes, consagradas  no famoso Kama Sutra. Os mongóis, com o islamismo, mudaram tudo. As mulheres, que se vestiam sensualmente, passaram a ter que se cobrir quase que totalmente, o sexo passou a ser tabu, o homossexualismo banido e o sexo só é permitido depois do casamento. Mudanças que subsistem até hoje no hinduísmo, afetado pelo islamismo, apesar de toda sua liberalidade e filosofia originais.

Os 25 templos de Khajurajo representam a brilhante explosão artística que ocorreu sob o generoso patrocínio dos poderosos governantes Chandela, que fizeram Khajurajo sua capital em tempos de paz. A remota localização dos templos os salvou da devastação dos ataques islâmicos, mas também os deixou abandonados após o declínio dos chandelas, no século 13. Escondidos por uma densa floresta durante 700 anos, foram "descobertos" em 1838 pelo capitão T. S. Burt, inglês da Escola de Engenharia de Bengala. Segundo a tradição local, originalmente havia 85 templos, e escavações em curso já desenterraram muitas ruínas na área. Os templos que hoje remanescem estão divididos em três grupos. O Western Group, onde se destaca o maior e mais magnífico deles, o Kandariya Mahadev, tendo no seu conjunto, mais quatro pequenos templos formando um quadrado na estrutura da sua base. O Western Group, onde estão os templos jainistas, destacando-se o Templo Parsvanatha, construído no ano 950. E o Southern Group, destacando-se o templo Chaturbhuj, construído em 1090.

O primeiro grupo é o mais completo e o mais prazeiroso de ser visitado já que está numa área grande, toda ajardinada e florida e onde, no período noturno assistimos um show de luzes e som, onde é contada toda a rica história deste lugar incrível.

Recomendamos a visita, mesmo porque, como a cidade tem aeroporto e muitos hotéis, não é tão difícil vir aqui para quem está na Índia.

Hoje deixaremos o carro e iremos de avião para Varanasi, a cidade do Ganges, das cremações às suas margens e cidade sagrada do hinduísmo. Promete muito. Tudo estará aqui. Até lá. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.

Detalhes da decoração sensual dos templos de Khajurajo

Os templos de Khajurajo, Patrimônio da Humanidade







Longa parede decorada com cenas de uma batalha, no Templo Kandariya Mahadev, o maior







Os templos, localizados num parque ajardinado






Shiva, o deus jainista


Conjunto de templos milenares jainistas, Khajurajo



Daqui por diante, uma série de esculturas eróticas dos templos hindus, costumes e filosofia religiosa (nesta foto, notem a cara de sem vergonha do elefante assistindo a relação sexual ao lado)





Sexo com animal

Posições radicais de se fazer sexo









Um comentário:

  1. Prezados Viajantes,
    Sua narrativa a cada dia evidencia mais nitidamente os contrastes existentes nessas paragens.
    Desde as belíssimas construções milenares, exemplos únicos de arquitetura, até o total caos do trânsito indiano, que, ao que tudo indica, é ainda pior do que se imagina.

    Abraços das assíudas caroneiras Maria Emília, Larissa, Samantha, Luiza e Aline.

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