sábado, 3 de maio de 2014

PEQUIM, CIDADE PROIBIDA, TEMPLO DO CÉU, PRAÇA DA PAZ CELESTIAL, MURALHA, O CAMINHO SAGRADO E MUITO MAIS

Seguidores e Seguidoras,

Pela primeira vez desde que criamos o blog para relatar nossas aventuras pelo mundo fomos constrangidos, pela censura chinesa, a atualizar nosso blog somente depois da viagem feita. Assim, a partir desta postagem tentaremos, no menor espaço de tempo possível, relatar aqui o que vimos e o que sentimos deste enigmático gigante chamado China.

Vindos do Japão no dia 09 de Abril, chegamos em Pequim de madrugada e já percebemos a primeira diferença. Quando saímos do aeroporto sentimos no ar o cheiro da poluição que,  nos dias que se seguiram, constatamos que cobre de cinza/marrom praticamente toda a China. No dia seguinte, quando acordamos, olhamos pela janela e a visão ao redor do hotel se restringia a fantasmas dos prédios envoltos na fuligem que cobria toda a cidade e todas as demais que visitamos, exceção feita ao Tibet e às  Yellow Montains. E o problema não tem solução a curto e médio prazo, pois a China é completamente  dependente das usinas de carvão mineral para produção de energia. Assim, País afora constatamos infinito número de chaminés jorrando fumaça dia e noite no céu da China. Algumas eram altas e esguias, outras tinham enormes bocas, semelhantes às das usinas nucleares, potencializando o volume de poluição jogado no ar ininterruptamente. Acrescente-se a isso, o consumo doméstico do carvão para cozinhar e aquecimento.  O resultado é um país sombrio, sem horizonte e sem céu azul. A propósito, muitos chineses nos reportaram que parentes visitaram o Brasil e outros países e voltaram impressionados com o céu azul desses lugares. Pior, muitos deles nasceram com aquele céu poluído e estão certos de que cada país tem o céu de uma cor diferente. O deles é da cor da poluição. Muitas vezes nossos guias nos surpreendiam dizendo que teríamos um dia ensolarado. Saímos e constatávamos que, realmente, sem poluição, seria ensolarado. Só que para nós havia apenas um sombra vermelha tênue no céu, que era o sol escondido na densa névoa de fuligem.

Por isso, as fotos das postagens da China terão a marca da poluição, às vezes menos densa, resultado, todavia, dos recursos eletrônicos da câmera.

Em Pequim ficamos hospedados no excelente Hotel Península Beijing, com ótimo café da manhã e restaurantes internacionais e muito bem localizado numa região de feira, hotéis de luxo e shoppings modernos.

No primeiro dia  em Pequim, visitamos os mais importantes sítios históricos localizados no seu centro.

Começamos pelo famoso PALÁCIO DE VERÃO. O espaçoso  terreno do palácio  serviu à dinastia Qing como refúgio imperial  para o calor sufocante da Cidade Proibida. Embora existisse como parque imperial em dinastias anteriores, foi apenas na época do imperador Qianglong, que reinou de 1736 a 1795, que o Palácio de Verão assumiu sua atual disposição. No entanto, o palácio está mais associado a Cixi, que mandou reformá-lo por duas vezes: uma após a destruição pelas tropas francesas e inglesas em 1860 e, depois de ter sido saqueado durante a Rebelião Boxer, em 1902.

Não fosse a poluição, o lugar seria de beleza incomparável. Torres, lagos com barco de mármore onde a imperatriz tomava seus chás, um longo corredor de 728m de extensão decorado com mais de 14 mil pinturas panorâmicas, templos, requintada ponte com 17 arcos e muito mais que pudemos ver desde o passeio de barco pelo lago artificial que adorna o local. Hoje o parque é muito usado pela população da cidade como local de lazer e aulas de dança e prática do Tai Chi Shuam. Um lugar imperdível para quem visita Pequim.

Dali fomos visitar a famosa Cidade Proibida, bem no coração de Pequim, oficialmente conhecida como Museu do Palácio, é o complexo arquitetônico mais grandioso da China e foi terminado em 1420. O imenso palácio é a síntese da arquitetura imperial e um monumento permanente da China dinástica, no qual 24 imperadores reinaram por quase 500 anos. Centro simbólico do universo chinês, o palácio foi domínio exclusivo  da corte imperial e dos dignatários até  a década de 1920. Passou a ser totalmente aberto ao público em 1949.

Destaca-se por sua arquitetura, sua majestosa porta Meridiana, seus enormes quatro grandes pátios sucessivos separados um dos outros por barreiras de prédios magníficos acessados por escadarias ricamente decoradas. Percorremos ele todo, até sua parte final, agora labiríntica, com jardins,  destacando-se o Imperial, depósitos e dependências de serviçais. Um lugar magnífico e poderoso.

No mesmo diapasão, mas plasticamente mais belo, é o Templo do Céu, para onde fomos posteriormente. Terminado durante a dinastia Ming, o Templo do Céu, cujo nome em chinês é Tian Tan, constitui um dos maiores complexos de templos da China e um modelo de equilíbrio arquitetônico e do simbolismo chineses. Ali o imperador podia fazer  sacrifícios e orar aos céus e seus antepassados, no solstício de inverno. Como Filho do Céu, o imperador era capaz de interceder com os deuses, representados por suas placas espirituais, a favor do seu povo e rezar por uma boa colheita. Inacessível às pessoas comuns durante as dinastias Ming e Qing, o Templo do Céu está situado num parque grande e agradável que, atualmente, atrai praticantes do Tai chi chuam. Como na cidade proibida, tem pátios sucessivos que começam na Porta do Imperador, depois o Hall de Preces por Boas Colheitas, Ponte de degraus vermelhos, muro do eco, abóbada Imperial  do Céu e o Altar Redondo. Em Pequim, foi o nosso preferido.

No primeiro dia, visitamos ainda a super vigiada Praça Tian'an Men Guangchang - Praça do Portal da Paz Celestial. É um amplo espaço aberto de concreto, no coração da moderna Pequim. Está cercada por construções ao estilo comunista da década de 50 e por antigos portões dos muros da cidade, agora demolidos. A Praça costuma ficar repleta de visitantes a passeio, enquanto o céu se enche de pipas Ela costumava servir de local para demonstrações populares e ficou associada aos protestos estudantis de 1989 e a seu clímax violento. Ao fundo, no Portão da Dinastia Ming, reina soberana a foto e o cadáver do tirano Mao Tse Tung, que, apesar de ter matado de fome mais de 30 milhões de chineses e quase destruído toda forma de arte e cultura do País, ainda é venerado como o grande herói nacional. Admiramos mais o povo do Camboja, que odeia seu assemelhado Pol Pot. De salienta-se que a praça é extremamente vigiada, toda cerca de defensas de aço e com as entradas vigiadas por guardas e detectores de metais.

Na noite desse dia foi dia para conhecer outra atração da China. Saborear o famoso Pato Laqueado. O fizemos no famoso restaurante  Da Dong, localizado no 5º andar do Nanxingcang Internacional Plaza. Logo na entrada, com grande habilidade, em grandes fornos os patos são assados até sua pelo ficar crocante. Levado à mesa, lá é habilmente fatiado para, depois, passado num molho, colocado dentro de uma massa fina tipo panqueca, mais tiras finas de vegetais, ficando, assim, pronto para ser degustado. A blogueira adorou. O blogueiro, nem tanto. Sabores não muito usuais mas que vale a pena ser experimentado.

No segundo dia em Pequim foi a vez de conhecer a Grande Muralha. Fomos levados pela guia Cristina para conhecê-la num lugar bem afastado de Pequim, já recuperado mas que não é o mais acessado pela maioria de turistas. Símbolo do isolamento histórico da China e de sua noção de vulnerabilidade, a Grande Muralha serpenteia  por desertos, colinas e planícies por milhares de quilômetros. Originalmente era uma série de fortificações de terra desiguais construídas por estados separados. A Grande Muralha só foi criada depois da unificação da China, no reinado de Qin Shi Huangdi(221-10 a.C.). Apesar das fortificações impressionantes, a muralha se mostrou ineficaz. Foi transposta no século 13 pelos mongóis e no século 17 pelos manchus. Atualmente apenas trechos selecionados de suas ruínas foram totalmente restaurados. A caminhada que fizemos sobre ela mostrou a complexidade das torres de guaritas, a radicalidade da sua construção serpenteando picos de montanhas e a sua beleza plástica. O lamentável é que, em decorrência da poluição, não conseguimos ver com nitidez a beleza da região montanhosa que a cerca.

No retorno para Pequim paramos para conhecer Os Túmulos Ming e o Caminho Sagrado ou dos Espíritos.  Local de repouso de 13 dos 16 imperadores dessa dinastia, os Túmulos Ming constituem um ótimo exemplo da arquitetura imperial funerária da China. O local foi escolhido em razão dos auspicioso alinhamento de feng shui. Uma cadeia de montanhas ao norte abriga os túmulos de três lados, abrindo-se ao sul, e protege os mortos dos maus espíritos levados pelos ventos do norte.  O Caminho dos Espíritos faz parte de 7km de acesso aos túmulos. É ladeada por 36 estátuas de pedras de altos funcionários, soldados, animais e bestas mitológicas.

No terceiro dia em Pequim fomos visitar a cidade de Chengde, três horas de viagem para o norte. Estrada nas montanhas desérticas que, de vez em quando, mostram mais uma nova faceta da Grande Muralha nos levou a essa cidade que nos impressionou sob dois aspectos. As dezenas de prédios de quase 50 andares, agrupados em bairros do tamanho de Balneário Camboriú, muitos prontos e outros em construção e que, vazios, contrastam com o centro velho da cidade quase sem movimento. Disse-nos um dos guias, que serão futuramente ocupados por deslocamento de pequenos agricultores para as cidades, para implantação da agricultura em grande escala. Tal fenômeno se repetiu em outras tantas cidades do interior da China que visitamos. Difícil imaginar o acerto de uma política desse quilate. Acrescente-se que os prédios são construídos pela iniciativa privada e têm um alto custo, considerada a renda média dos chineses. Alguns deles, depois de tanto tempo sem ocupação, já estão visivelmente deteriorados. 

A segunda coisa que mais nos impressionou nessa pequena grande cidade, foram os seus templos. O refúgio montanhoso de Chengde foi escolhido pelo imperador Kangxi, em 1703, para fugir dos verões da Cidade Proibida. Localizado  num vale rodeado de montanhas, o parque tinha toda a segurança estratégica e permitia que os robustos manchus se dedicassem à caça e aos esportes marciais. O ambiente rural além da Grande Muralha fazia os governantes manchus se lembrarem da terra natal, no nordeste. Os projetos ecléticos dos Oito Templos Externos, nas redondezas, deixaram os visitantes, tanto os mongóis como os chefes tribais, à vontade  para que o imperador pudesse se valer de sua fidelidade.  Desse templos destacam-se o Pule Si, templo da Alegria Universal que impressiona com seu hall com telhado cônico duplo de telhas amarelas, que lembra muito o Templo do Céu, antes mencionado.  O Putuozongcheng Zhi Miao, construído para se assemelhar ao Palácio Potala, de Lhasa, que iríamos visitar dias depois,  é o maior dos Oito Templos Externos e exibe rolos de manuscritos religiosos do Tibet e dois pagodes pequenos de sândalo em escala. Por fim, o Templo Puning Si, construído em 1755  pelo imperador Qianlong, guarda no seu interior a maior estátua  de madeira da China, uma representação da deusa budista da compaixão, Guanyin, com 22 metros de altura, esculpida em cinco diferentes tipos de madeira e com mais de 20 braços, cada qual com uma representação da religião budista. Vale a visita a Chengde só por ela. Todos os templos de Chengde são impressionantes pelo seu valor histórico, apesar de serem os únicos que visitamos na China que ainda são muito carentes de infraestrutura de apoio e acesso, além da má conservação.

No retorno a Pequim passamos pelo Parque Olímpico da cidade, sobressaindo-se na paisagem o famoso estádio do Ninho de Pássaro, de arquitetura moderna no mesmo diapasão dos grandes arranha-céus  estilosos da Capital. Quando chegamos ao hotel, saímos para dar um volta nas cercanias e lá encontramos o mercado de comidas exóticas, como escorpião, gafanhotos, larvas, aranhas, o casulo do bicho da seda, pênis e testículos de todo tipo de animal, tudo sendo cozinhado e comido ali mesmo. O forte cheiro exalado nos fez perder o apetite de experimentar aqueles snacks. 

Pequim nos impressionou pela riqueza da sua história e do patrimônio artístico e cultural que ela encerra. Como cidade para viver, todavia, certamente que não consta do rol das nossas cidade preferidas. Extremamente poluída, toda engarrafada e esteticamente desorganizada.Vale a visita pelos seus pontos positivos. Abaixo as fotos de tudo quanto foi até aqui reportado.


Esta e as próximas fotos são do Palácio de Verão


















Esta e as próximas são da da Cidade Proibida



























Esta e as próximas são da Praça da paz Celestial









Esta e as próximas são do Templo do Céu























Esta e as próximas, são do Templo Pule Si, em Chengde








Esta e as próximas são dos templos Puning Si e do Palácio Potala  Lesser de Chengde










Paisagem de Chengde


Mercado ao redor do Puning Si






O Potala de Chengde(Miniatura daquele do Tibet)



Esta e as próximas são da Grande Muralha da China


















A poluição cobrindo as montanhas ao redor da Grande Muralha






Esta e as próximas são do túmulo dos Imperadores Ming









Esta e as próximas são do Caminho sagrado, de 7km, que leva aos túmulos Ming












O Ninho do Pássaro, na Vila Olímpica





2 comentários:

  1. Qualquer censura é chocante mas ainda bem que podemos ler seus relatos agora. O que mais me fascina é a muralha afinal sou uma apaixonada por elas e, geralmente, pelos castelos que cercam.
    Abraços

    ResponderExcluir