sábado, 10 de maio de 2014

XANGAI, WATER VILLAGE DE ZHOZHUANG, JARDINS TÍPICOS E MUSEU DA SEDA

Seguidores e Seguidoras,

Num voo noturno e atrasado desde Huangshan, chegamos em Xangai, a mais ocidentalizada cidade que visitamos na China, já de madrugada de onde fomos levados para o ótimo Portman Ritz Carlton, muito bem localizado e com serviço de ótima qualidade e um café da manhã excelente.

No dia seguinte, foi dia de conhecer Xangai e nada melhor do que começar por uma espécie de museu moderno e que retrata o rápido desenvolvimento sofrido pela cidade nos últimos 20 anos. É impressionante a explosão de desenvolvimento experimentado por essa cidade, só possível num regime autoritário como o Chinês onde bairros foram varridos do dia para a noite, sem indenizações e com prazo curto para a mudança sob pena de ação firme do exército. Famílias que viviam juntas no mesmo conjunto, por séculos, foram separadas do dia para a noite para bairros distantes um do outro. As histórias de violência e sofrimento ainda são latentes. O resultado,  esquecidos os meios, são extraordinários. Quase inacreditáveis.

No primeiro andar de um prédio moderno, uma enorme maquete mostra a cidade em detalhes bem realistas, alternando dia e noite. São impressionantes as grandes avenidas e seus elevados, que cortam a cidade em cruz e desembocam em grandes perimetrais escoando o trânsito dos mais de 14 milhões de habitantes. As fotos darão mostra do que vimos aqui.

No segundo andar, uma viagem radical de helicóptero em quatro dimensões, apresenta a cidade e suas transformações, pelo alto. Barras de metal fixadas na sala com projeção de 360º são necessárias já que o voo é radicalíssimo enganando o cérebro e fazendo com que todos tenham que se segurar nas barras para não cair. Indescritível. Só estando lá para ter uma idéia do que sentimos. Para quem acompanha um pouco das transformações que a China vem experimentando nos últimos anos, visitar este lugar é obrigatório.

Dali fomos visitar um dos mais importantes museus sobre a cultura e a história de China. Com acervo de de mais de 120 mil peças, o Museu de Xangai apresenta algumas das melhores relíquias culturais desde o neolítico da China até o período da dinastia Qing, cobrindo mais de 5 mil anos. Destacam-se peças de bronze, lindíssimas cerâmicas, caligrafia, pintura, peças em jade, máscaras. Um museu imperdível para quem efetivamente tem interesse de conhecer uma pouco da cultura do povo chinês.

De lá fomos para a região da cidade conhecida como Bund, com os visuais mais belos e impactantes daquela cidade progressista. Alguns lugares ficam associados para sempre a uma única referência e, no caso de Xangai, é o Bund. Também conhecido como Zhongshan Lu, ficava no coração do que era a cidade colonial. De um lado está o Rio Huangpu, e do outro ficavam os hotéis, bancos, escritórios e clubes que foram símbolos grandiosos da potência comercial ocidental. A maioria desse edifícios continua em pé, um lugar para uma caminhada agradável. Visitamos alguns deles.

O Hong Kong & Shanghai Bank, construído em 1921, ele se vangloriava de ser o prédio mais bonito da Ásia.  No seu interior há belíssimos murais restaurados. Vale entrar nele pela beleza de se dome, ricamente pintado e decorado. Destacam-se ainda a Casa da Alfândega, o Antigo Palace Hotel o o hall do Hotel Fairmont, ali perto, com um excelente café.

Ali próximo fica um grande, ajardinado e decorado calçadão  à margem do Rio Huangpu e de onde se pode ter a melhor visão dos mais modernos e belos arranha-céu da cidade, na região chamada Pundung. Uma caminhada por ali é imperdível em Xangai.


Dali fomos dar uma volta pelos lugares mais significativos da cidade, especialmente a Nanjing Lu, que parte perpendicularmente do Bund rumo a oeste, na extensão de dez km, com muita história, anúncios coloridos. Uma parte da rua é  exclusiva para pedestres onde valeu a pena andar para sentir o verdadeiro clima da cidade. Na altura da praça do Povo, O Jing'an District, área com restaurantes espanhóis, franceses e italianos.  No período da noite é muito movimentado e tem-se a impressão de estar-se em qualquer cidade da Europa, menos na China.

Por fim, fomos visitar um dos lugares mais interessantes da cidade, o Jardim Yu e Bazar. As construções em estilo antigo do Jardim Yu e Bazar não são de fato antigas mas os belos prédios e telhados atraem o olhar. Aqui as lojas vendem de tudo, de suvenires para turistas a medicamentos tradicionais e, apesar dos preços inflacionados, a área é muito procurada. O que mais impressiona no lugar, todavia, é o Jardim Yu, muito comum nas casas dos ricos na dinastia Ming. Nele se destaca a Casa do Chá Huxingting, cujo prédio foi erguido em 1784 por comerciantes de algodão. Uma ponte em ziguezague protege o local, pois os maus espíritos só andam em linha reta. Essa uma crença era generalizada na China. Destaca-se, também o jardim de pedras enormes. Afamado por ser o melhor jardim de pedras Ming, sem dúvida é o maior. As pedras lembram cavernas e gargantas do sul da China. Os muros dos jardins são coroados por um dragão curvilíneo e que só tem quatro garras e não cinco, para não atrair a ira do imperador.

Os muros  dividem o jardim em seis áreas panorâmicas, fazendo parecer um labirinto e dando a impressão de que é maior. Um jardim muito diferente dos ocidentais e, por isso, sua visita é imperdível.

Uma cidade poderosa, completa, ocidentalizada, impressionante, cuja visita, na China, é obrigatória.

No dia seguinte, pegamos a estrada em direção ao litoral para conhecer três importantes sítios, cerca de 100km do centro de Xangai: o Water Village de Zhouzhuang, o Museu da Seda e o Jardim do Administrador Humilde de Suzhou. Os três valeram a viagem.

O Water Village de Zhouzhunag é conhecida como a Veneza chinesa. Pequena cidade no canal Jinghang, que liga Suzhou a Xangai, Zhouzhunag  já foi um porto importante, especializado em seda, louças e cereais. Atraiu estudiosos e altos funcionários que construíram pontes e casas entre os períodos  Yuan e Qing. encantadora, a cidade velha pode ser visitada a pé ou de barco, pelos canais. Fizemos dos dois jeitos. Entre as atrações  estão o Hall da Residência de Zhang, da dinastia Ming, com 70 aposentos, e o Hall da Residência de Shen, com 100 cômodos ligados ao Hall principal. O Templo de Chengxu, perto do museu, é um santuário da dinastia Song. Um lugar muito interessante, com seu casario milenar bem conservado, hoje residências, restaurantes e lojas com artigos para turistas e que vale ser visitado tanto a pé como de barco, ambas com paisagens únicas, dessa interessante cidade nas águas. Esperamos que as fotos possam retratar fielmente o que vimos.

Dali fomos visitar o imperdível Museu da Seda da China. Segundo a lenda, a imperatriz Xi Ling, em 2640 a.C., incentivou a criação em larga escala do bicho-da-seda. A China lucrou muito com o comércio da seda. E essa indústria se tornou monopólio do país por quase 3 mil anos seguintes, até que refugiados contrabandearam o secreto para a Coréia e o Japão.  Outra história diz que uma princesa chinesa, casada com o príncipe de Khotan, levou secretamente  bichos-da-seda de presente para o marido. O Ocidente, que conhecia a China como Seres, ou Terra da Seda, soube do segredo por dois monges que esconderam bichos-da-seda em bastões de bambu.  

O Museu da Seda, em Suzhou, traça a história da produção da seda e seu uso desde o início, por volta de 4000 a.C. até hoje. Expõe antigos teares e máquinas de extração da seda, padrões de antigas vestimentas de seda e, mais interessante, todo o processo, ao vivo, com os bichos-da-seda se alimentando de folhas de amoreiras e a evolução dos casulos até o processo de extração da seda, numa mini fábrica lá instalada. Ajudamos, inclusive, a abrir um casulo feito por duas lagartas, o qual expandimos, com a ajuda de outros turistas e das funcionárias do local, sobre uma grande mesa para preparar recheio de edredons. Impressionou aquela pequeno casulo se expandir, com grande resistência, no tamanho da mesa de 4 ou mais metros quadrados. Um lugar especial para conhecer todo o processo dessa que foi por milênios, a base da economia chinesa.

Após um almoço típico chinês, num restaurante local, fomos visitar o maior jardim de Suzhou, o Zhuozheng Yuan, Jardim do Administrador Humilde, tendo a vista a humildade do seu primeiro proprietário, considerado um dos melhores da China. Foi elaborado no século 16 por um juiz aposentado, Wang Xian Chen, e aprimorado com o passar dos anos pelos donos subsequentes, que o modificaram segundo a moda do momento. Uma pintura do século 16 mostra que, originalmente, o jardim era menos decorativo do que agora. Ele conta com três partes, leste, central e oeste. A seção leste possui flores coloridas, mas é menos interessante que as outras duas, onde se destacam  a Ilha Perfumada, um pavilhão com esplanada que tem a intenção de parecer com o deque e a cabina de um barco. Como se projeta sobre água, oferece lindas vistas do jardim, por todos os lados. O Hall do marreco-mandarim cuja divisão em dois aposentos iguais permite que, no verão, o visitante aproveite a câmera mais fresca que dá para o norte e, no inverno, a mais quente voltada para o sul.  

O lugar é enorme, com diversos pavilhões, lagos, jardins, dentre os quais se destaca o de bonsais, alguns com quatrocentos anos, o qual dedicamos ao nosso amigo Zucco, um apreciador dessas plantas.

Esta foi a última parte da China por nós visitada. Um resumo de sua  modernidade, com a linda Xangai e de suas origens, com o museu da seda e o Water Village. Um país complexo e intrigante, com uma rica história  e com sítios turísticos e históricos incomparáveis. No resumo final, que sempre fazemos ao fim das nossas viagens, deixaremos nossas finais impressões destes três países, Japão, China e Camboja, que restaram, para sempre, impressos em nossas melhores memórias. Até. Beijos a todos. Narcísio e Dirlei.


A bela Xangai




O museu do planejamento urbano de Xangai com seu crescimento vertiginoso nos últimos 20 anos










Aqui a projeção de 360º

Adicionar legenda

O Museu de Xangai e as roupas típicas de cada região da China


As máscaras de cada região


Meios de transporte da antiguidade

A sala de peças de âmbar



Antiga mobília


Um sala só com a evolução da escrita

Peças de cerâmica







A famosa porcelana chinesa



Uma sala só de estátuas antigas do Buda

A região do Bund e seu prédios antigos


Calçadão com muro florido à beira do Rio Huangpu







Visão do centro moderno e financeiro de Xangai desde o Bund






A região do Bazar e do Jardim Yu









O Jardim Yu








A blogueira tratando a carpas chinesas no Jardim Yu





A Water Village de Zhozhuang, a Veneza Chinesa






O teatro do Water Village









O prato típico da região, porco.












A nossa barqueira



As máquinas antigas do Museu da Seda



As antigas vestimentas de seda

O bicho-da-seda comendo as amoreiras


Os casulos


A seleção dos casulos

O processo de processar os casulos para extração da seda



Apenas um casulo gera seda que cobre a mesa


Os blogueiros trabalhando a seda


O Jardim do Administrador Humilde, em Suzhou







Os bonsais centenários do Jardim
















3 comentários:

  1. Queridos amigos
    Muito obrigado pela dedicatória. Bonsais impressionantes. Ouvi dizer que, na China e no Japão, alguns bonsais passam de geração em geração, na mesma família, por séculos. Os mais antigos que tenho (feitos por mim) têm uns 15 anos. Longe dos 400 anos daqueles que vocês puderam apreciar.
    Espetaculares também os jardins verticais, prática recente no Brasil.
    Abração, do Zucco.

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  2. Muito lindas as fotos e lindos também os lugares retratados!

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  3. Lindas fotos, ainda não tive tempo de ler todas as postagens mas esta me chamou muita atenção pelo colorido e beleza.

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